Um dos pontos que mais marcam a Ater pública é a sua capilaridade.

Representando todas as entidades de assistência técnica e extensão rural do país, os vice-presidentes das cinco regiões brasileiras debateram, nesta quinta-feira, em uma webinar, as inovações, dificuldades, conquistas e consequências que cada entidade vem enfrentando para superar as intempéries da pandemia do covid-19, causada pela proliferação do coronavírus. O encontro foi promovido pela Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer) com o objetivo de conhecer como cada entidade está lidando com o chamado “novo normal”.

Mediante o debate fica claro que, não importa se é no sul, no nordeste ou mesmo no norte do país, umas mais e outras menos, mas as dificuldades apresentadas não são diferentes. As situações vividas são comuns e cada um teve que se virar de forma a levar seus serviços aos produtores rurais familiares.

Sabe-se que a agricultura familiar é a grande responsável pela distribuição de alimentos do país e, mesmo mediante essa pandemia que abalou a tantos, o agricultor familiar foi o grande responsável para que esse alimento não faltasse na prateleira do supermercado nem na mesa do consumidor. E, para isso, os serviços de assistência técnica e extensão rural (Ater) continuou presente, mesmo que virtualmente, procurando assistir e dar suporte à essas famílias rurais, buscando, muitas vezes e junto com elas, alternativas para que seus produtos pudessem ser produzidos e comercializados.

Para a presidente da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão (Agerp) e vice-presidente da Asbraer para a região Nordeste, Loroana Santana, o início foi muito difícil, muitas famílias perderam seus entes queridos, houve descontinuidade de grande parte do trabalho de forma brusca, sem contar muitos servidores em comorbidade foram obrigados a se afastarem fisicamente do trabalho. Mas um dos maiores entraves foi a dificuldade para o escoamento da produção, onde se viram obrigados a biscar alternativas para superar os problemas apresentados.

Nesse aspecto, o presidente da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO) e vice-presidente da Asbraer para a região Norte, Luciano Brandão apontou não somente aspectos negativos, mas aspectos positivos também. “Passamos por várias dificuldades e ainda estamos nos readaptando”, diz. Outro aspecto apontado por Brandão é a distância entre os municípios, no estado. “Rondônia é gigantesco, se formos medir, de Cabixi, no sul do estado até Nova Califórnia, bem mais ao norte, são 1.500 km de distância a ser percorrida, além de que, muitos desses lugares ainda têm grande dificuldade de acesso à internet, mas, por outro lado, foi preciso nos reinventarmos, ara dar continuidade a um trabalho que não podia parar.”

Oportunidade para novos conhecimentos e troca de experiências.
Nada vai substituir a visita presencial, mas as ações presenciais e digitais terão que andar juntas.

A extensão rural e, principalmente, a assistência técnica sempre foram feitas de forma presencial, corpo a corpo, o que tornava inviável a presença nas atuais 115 mil propriedades de agricultura familiar existentes em Rondônia. “Dessas 115 mil propriedades, a Emater só conseguia atender 20 mil, mas com a implementação de plataformas digitais ampliamos nosso leque e conseguimos chegar a outros produtores”, explica Brandão, enfatizando que nada irá substituir a visita presencial, mas que é preciso entender que, futuramente, essas ações presenciais e digitais terão que andar juntas.

Um dos pontos que mais marcam a Ater pública é a sua capilaridade. Praticamente, em todo o canto do país tem um escritório ou uma equipe prestando serviços e assistindo ao produtor rural familiar. E isso tem sido ponto positivo, inclusive para outras áreas, como por exemplo as áreas sociais e de educação que se associam às entidades de Ater para atendimento no campo.

O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e vice-presidente da Asbraer para a região Sudeste, Gustavo Laterza entende que não se deve abrir mão da essência, que é a atividade presencial forte, continuada e com muita interação com as famílias, mas vê que é preciso usar a tecnologia, o contato digital em favor da ater pública. “Nós trabalhamos todo o contexto essencial humano da família”, diz, enfatizando que o extensionista sempre esteve presente na vida do produtor familiar rural.

Para a presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e vice-presidente da Asbraer para a região Sul, Edilene Steinwandter, é preciso lembrar que nem todos os lugares têm acesso à tecnologia e esse, com certeza, é um setor que necessita receber atenção especial, mas ela diz que apesar de o distanciamento ter impossibilitado executar as ações conforme planejado, os serviços de Ater não pararam e o agricultor continua recebendo assistência.

Para o presidente da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO) e vice-presidente da Asbraer para a região Centro Oeste, Pedro Leonardo de Paula Rezende, o importante é que houve uma grande conscientização por parte da comunidade. Rezende relata que sua maior dificuldade foi na realização das metodologias e assim como disse Brandão, a Ater pública tem que se esforçar cada vez mais para realizar seus atendimentos em ações coletivas, sem prejuízo para o agricultor. Na região centro oeste, a metodologia de interação através de aplicativo teve acréscimo de 48% nos acessos. “Representou um crescimento na utilização de atendimento remoto, mas nada substitui o atendimento presencial”, complementa Rezende

É notório que, assim como diversas camadas sociais a cadeia produtiva da agricultura familiar, os pequenos produtores rurais tiveram impacto importante no setor econômico. Além do mais houve um decréscimo, em várias regiões, na contratação de crédito rural, o que deve impactar a economia de uma forma geral, mas a perspectiva é que através da readequação das metodologias e dos atendimentos e mediante a consolidação desse “novo normal”, as coisas comecem a tomar novos rumos positivos.

A maioria das entidades já está retomando gradativamente as atividades, seguindo o que rege os decretos de seus estados e municípios e buscando, da melhor forma, garantir a Ater de forma segura para todos. “Todo dia é um novo desafio. Hoje a gente chega na propriedade, produtor já está usando máscara, técnico também e todos tomando os devidos cuidados”, finaliza Brandão, salientando que a Emater-RO retomou grande parte de sua atividade presencial no último dia 3.

Texto: Wania Ressutti
Jornalista – MTE-1744/RO
Fotos: EMATER-RO

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