Observando-se os dados da aplicação do crédito rural orientado pela Emater-RO, percebe-se que a participação das mulheres no empreendedorismo rural é maior do que aparenta, elas são titulares de quase 20% dos financiamentos agrícolas, no entanto permanecem invisíveis nesse universo da produção agropecuária.

A família é uma das poucas da região que possui trator.
A família é uma das poucas da região que possui trator

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar – Pronaf criou uma linha de crédito especifica para mulheres, no entanto, elas podem acessar o crédito rural do Pronaf em qualquer uma das linhas destinadas ao desenvolvimento da agricultura familiar, desde o crédito de fomento no valor de 2500 reais até projetos da linha Mais Alimentos, que financia valores até 160 mil reais.

Na verdade a modalidade apelidada de Pronaf Mulher é um crédito auxiliar, uma forma secundária de financiamento mais utilizada quando a família já possui um projeto financiado e a mulher deseja desenvolver outra atividade de sua própria iniciativa. Nestes casos geralmente propõe financiar projetos menores para criação de pequenos animais, implantação de pequenas hortas ou pomares, talvez por isto mesmo não tenha tido grande adesão.

A participação do Pronaf Mulher no contexto geral do Programa Pronaf é de apenas um por cento do total dos projetos de crédito elaborados pela Emater-RO; esse número destoa da realidade apresentada pelo IBGE, em relação à participação da mulher na economia.

No relatório publicado pelo IBGE no dia 02 de dezembro deste ano, o número de mulheres brasileiras que são referência na família cresceu de 30,6 para 40,5 por cento dos lares brasileiros, somente na última década.

Olhando-se apenas os números do Pronaf Mulher poderíamos pensar que as iniciativas de mulheres na agricultura seriam irrisórias, no entanto quando se verifica o percentual de propostas encaminhadas por mulheres, no cômputo geral dos planos de crédito feitos pela Emater-RO, observa-se que de fato elas são muito representativas no processo produtivo. A participação delas corresponde a quase 20% dos projetos agropecuários enviados pela Emater-Ro aos bancos, diz o engenheiro agrônomo Edson Issao responsavel pelo crédito na Emater-RO.

Existem muitas iniciativas bem sucedidas sob o comando de mulheres em todas as atividades rurais: em Porto Velho, por exemplo,  uma das melhores farinheiras, ou melhor, indústria familiar de fabricação de farinha de mandioca, é dirigida por uma mulher, dona Neuracy Monteiro de Oliveira, do reassentamento Riacho Azul, na margem esquerda do Rio Madeira, à 17km de Porto Velho.

Outras mulheres empreendedoras também têm seus casos de iniciativas bem sucedidas em Rondônia, como a dona Ana Maria de Lima, do distrito de extrema que instalou um aviário financiado com recursos do Pronaf Mulher. O projeto foi tão bem sucedido que o marido, seu Alcino Richi, Vendo o sucesso do empreendimento executado pela esposa, resolveu também fazer um financiamento para ampliar o negócio, e solicitou á Emater-RO um projeto de crédito do Pronaf Mais Alimentos. O projeto foi elaborado e aprovado na agência local do Banco da Amazônia no próprio distrito de Extrema e agora o produtor já está fazendo as entregas dos frangos produzidos no aviário da esposa em um veículo novo e adaptado para o transporte de alimentos. Casos semelhantes são vistos em todas as regiões do Estado.

EMPREENDEDORISMO
A propriedade de dona Neuracy é uma das principais fornecedoras de farinha de mandioca no mercado da capital rondoniense, quando ela chega com seu produto no mercado municipal, no Km1 ou no centro da cidade, os comerciantes correm para garantir sua cota, porque muitas vezes a farinha que ela traz não é suficiente para atender a todos, e ninguém quer ficar sem a farinha fresquinha, bem torrada e crocante, do jeito que a população tradicional de Porto Velho prefere.

A produtora de 58 anos cresceu às margens do Rio Madeira, onde permaneceu depois de casada e criou seu seis filhos. Só saiu da beira do rio por causa da alagação da área onde morava, atingida pelo lago da usina hidroelétrica de Santo Antonio.

Obrigada a mudar-se, dona Neura, como é conhecida, foi para o reassentamento mas manteve em torno de si o mesmo núcleo familiar, embora  três filhos já casadas morem cada uma em seu próprio lote rural, mas todos produzem farinha na agroindústria da mãe e compartilham as máquinas e implementos agrícolas.

A família é uma das poucas da região que possui trator, plantadeira mecânica e forno automatizado para torrar a farinha, a mão de obra é familiar. Quando chega o pico da safra, no entanto, precisam pagar serviços de terceiros, para ajudar a transformar a raiz de mandioca em farinha, e geralmente pagam os auxiliares, na forma de diárias, diz a agricultora, que produz em média 30 sacos de farinha por semana e 120 sacos por hectare de cultivo.

Texto: Enoque G de Oliveira
Jornalista DRT/913/RO
Fotos Irene Mendes
Repórter fotográfico DRT/368 RO
Assessoria de Comunicação EMATERNotíciasUltimas notíciascrédito,mulher,PronafObservando-se os dados da aplicação do crédito rural orientado pela Emater-RO, percebe-se que a participação das mulheres no empreendedorismo rural é maior do que aparenta, elas são titulares de quase 20% dos financiamentos agrícolas, no entanto permanecem invisíveis nesse universo da produção agropecuária. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura...