Agricultores, técnicos e instituições que trabalham de alguma forma com operações de crédito rural aguardavam ansiosos o planejamento do governo, para financiar a próxima safra que começa a ser preparada no final desta, que se encerra neste mês de junho. Pressionado pela crise política o governo interrompeu a série de altas no volume de recursos disponibilizados para o financiamento da safra.

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O crédito rural é o instrumento mais eficaz para proteger e estimular a produção agropecuária e é essencial para o sistema produtivo.

Desde 2013 que a oferta de crédito rural vinha crescendo, em 2013 foram disponibilizados R$21bilhões, em 2014 foram R$24,1, em 2015 R$28,9 e em 2016 foram 30 bilhões de reais, valor mantido para financiar a safra 2017/18.

O setor já não esperava grande aumento no volume de recursos disponibilizados, mas tinha a expectativa de que a taxa de juros pudesse ser reduzida considerando-se que a inflação está em queda e deverá ficar abaixo do centro da meta, fixado em 4,5%. Na safra atual os juros reais ficaram na media em 3%, mas esta situação muda em um cenário de inflação reduzida e manutenção da mesma taxa de juros.

No novo plano safra os juros foram mantidos, podendo variar numa faixa entre 2,5% para o custeio dos produtos da sexta básica(produtos da agricultura familiar) a 5,5% para investimento, e custeio de outras culturas.

ARRAZOANDO

A preocupação dos analistas e produtores rurais é a mesma manifestada pelo ministro da agricultura Blairo Maggi, na abertura do agrishow em Ribeirão Preto, quando falou sobre a intenção do Ministério da Fazenda em manter a taxa de juros, mesmo em um cenário de inflação mais baixa.

A razão da apreensão é que toda vez que o índice de inflação supera o valor da taxa de juro nominal o tomador do crédito é beneficiado, mas prejudicado quando acontece o contrário. A grande dificuldade para a agropecuária é que com inflação baixa e juros altos, o financiamento da produção se torna predatório para a agropecuária, porque esta é uma atividade econômica que não possui a elasticidade de outras produções, como as da indústria.

 Diferentemente da agricultura, a indústria tem a facilidade de baixar seus custos com medidas rápidas, como diminuir a produção, para economizar em mão de obra, armazenamento e outras práticas, dessa forma corta despesas, baixa a oferta e força o aumento dos preços. Por não ter essa facilidade a agropecuária carece de proteção do estado para manter a estabilidade da atividade econômica.

O crédito rural é o instrumento mais eficaz para proteger e estimular a produção agropecuária, e é essencial em qualquer sistema produtivo, principalmente em lugares como o estado de Rondônia, onde a produção rural está em franca expansão, como se pode deduzir dos números da aplicação do crédito rural no Estado, fornecidos pelo Banco Central (Bacen).

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A planilha do Bacen mostra que o crédito rural aplicado em Rondônia em investimento agropecuário foi de 1,3 bilhão, e de 692 milhões aplicados em custeio. Observa-se que os valores de investimento são mais que o dobro do valor aplicado em custeio, esta é uma característica de desenvolvimento acelerado, porque se o setor já tivesse alcançado o ponto de estabilidade, teríamos valores de custeio superiores aos de investimento, como acontece em regiões onde a infraestrutura de produção agropecuária já está estabilizada.

 A aplicação do crédito rural mostra que mesmo não havendo abertura de novas áreas para cultivo, a atividade agropecuária em Rondônia, continua a crescer e com mais qualidade por causa da introdução de novas cultivares e novas tecnologias de produção, demandando portanto, novos investimentos em infraestrutura de produção.

Texto: Enoque de Oliveira
Fotos : Robson Paiva

 

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